Resumo: Pessoas que se identificam com um posicionamento político sentem-se afetivamente distantes de pessoas que não declaram o mesmo posicionamento que o seu. Diante disso, este estudo investiga o impacto da polarização política afetiva no bem-estar subjetivo de pessoas que se identificam com diferentes posições políticas no primeiro ano do governo Bolsonaro, averiguando o nível de polarização afetiva e de bem-estar subjetivo dos participantes. 311 pessoas responderam um questionário online composto por uma medida de polarização afetiva e uma escala de bem-estar subjetivo. 21% dos participantes identificaram-se como esquerda, 28,3% centro-esquerda, 24,8% centro-direita e 25,8 % direita. Por meio de ANOVA’s, foram identificados altos níveis de polarização afetiva nas diferentes instâncias políticas, bem como menores índices de bem-estar subjetivo de pessoas que se identificam com a esquerda. De maneira geral a polarização afetiva influencia negativamente o bem-estar subjetivo.
Palavras-chave: polarização política; bem-estar; grupos sociais; psicologia política
Abstract: People who identify with different political stances tend to feel affectively distant from those who declare a diverging position from their own. Based on this assumption, this study investigates the impact of affective polarization on the levels of subjective well-being of people who identity with distinct political stances in the first year of the Bolsonaro administration. We evaluated the levels of affective polarization and subjective well-being on participants of 311 people who answered an online survey composed of affective polarization and subjective well-being measures. 21% of participants self-identified as left, 28,3% as center-left, 24,8% as center-right and 25,8% as right. ANOVA’s identified high levels of affective polarization in all investigated stances, as well as a decline in the subjective well-being of people who identify as left-wing. Thus affective polarization can negatively impact subjective well-being.
Keywords: political polarization; well-being; social groups; political psychology
Resumen: Personas con diferentes posicionamientos políticos presentan una tendencia a sentirse distanciadas de personas que declaran con un posicionamiento divergente al suyo. Este artículo tuvo como objetivo medir el impacto de la polarización afectiva en los niveles de bienestar subjetivo en diferentes grupos en el primer año del gobierno Bolsonaro. Evaluamos los niveles de polarización afectiva y de bien estar de 311 personas. Ellas respondieron a un cuestionario digital compuesto por una medida de polarización afectiva y de bienestar. 21% de los participantes se identificaron como de izquierda, 28,3% como de centro izquierda, 24,8% como de centro derecha y 25,8% como de derecha. ANOVA’s identificaron altos niveles de polarización afectiva en todos los grupos investigados. Hubo también una perdida del bienestar subjetivo en las personas que se identificaron como de izquierda. En general es posible concluir que la polarización afectiva puede impactar negativamente el bienestar.
Palabras clave: polarización política; bienestar; grupos sociales; psicología política
A polarização política é um fenômeno que acompanha a história da democracia desde os seus primórdios. A tensão entre grupos que lutam por visões de mundo, projetos de governo e interesses individuais ou coletivos distintos é um fenômeno inerente ao sistema democrático. No Brasil, durante os anos 1980 e 1990, as centrais sindicais e estudantis mobilizavam parte da população para o engajamento político. Com o advento do governo Lula em 2002, boa parte desse movimento teve algumas de suas principais demandas atendidas, propiciando um declínio na mobilização da população em geral para a ação política (Brungano & Chaia, 2014). Contudo, em junho de 2013, com o movimento político que ficou conhecido como “a revolta dos 20 centavos”, que protestava contra o aumento da tarifa do transporte público por todo o país, observou-se um ressurgimento da dicotomia entre esquerda e direita em meio a população.
O ressurgimento dessas identidades políticas refletia diferenças ideológicas antagônicas e foi capaz de mobilizar a população em torno de reivindicações opostas. A polarização se acentuou nas eleições presidenciais de 2014, com a esquerda posicionando-se contra um projeto neoliberal encabeçado pelo PSDB e a direita criando uma narrativa anticorrupção em torno de um declarado antipetismo (Brugnano & Chaia, 2014). As campanhas eleitorais presidenciais de 2014 e de 2018 foram marcadas por discursos provocantes e tensos, tanto da parte dos candidatos quanto da parte da população. Passou-se a falar mais sobre política, especialmente por meio das redes sociais.
Frente a essa conjuntura política, há evidências que parte da população, especialmente os de idade entre 16 e 34 anos, sente-se insegura (88%), triste (79%), desanimada (78%), com raiva (68%) e com medo do futuro (59%) quando pensam a respeito do Brasil (Folha de São Paulo, 2018). Além dos receios a respeito dos rumos político, social e econômico do país, há uma crescente tensão entre pessoas que se identificam com diferentes posicionamentos políticos. Essas tensões têm sido amplamente marcadas pela prática dos discursos de ódio, agressões e violência, conforme tem sido noticiado no Brasil (Folha de São Paulo, 2018).
Profissionais de psicologia e de psiquiatria relatam ainda o aumento de queixas relacionadas à preocupação e à ansiedade envolvendo a política, de maneira nunca antes vista (BBC, 2018; SBP, 2018). Os afetos relatados em consultório diante do cenário de polarização política atual são comumente “angústia”, “medo”, “tristeza’’, “raiva” e “insegurança’’ (BBC, 2018; SBP, 2018). Neste contexto em que a polarização permeia a vida política e passa a ser percebida como causa de sofrimento, esse trabalho tem como objetivo geral avaliar o impacto da polarização política afetiva nos níveis de bem-estar subjetivo de pessoas que se identificam com diferentes instâncias políticas.
O posicionamento político do indivíduo, e os conflitos decorrentes dessa identificação, podem ser entendidos com base na Teoria da Identidade Social (TIS) (Tajfel & Turner, 1979). A teoria postula que a categorização de pessoas em grupos, e a consequente identificação com certos grupos, confere-lhes uma identidade social. A identidade social, portanto, passa a ser um aspecto do autoconceito do indivíduo que deriva da pertença a um grupo social (Yzerbyt & Demoulin, 2010). Uma vez que as pessoas passam a se definir e avaliar a si próprias em termos de suas identidades comuns, um processo de comparação social entra em ação, no qual indivíduos passam a comparar seu grupo com outros grupos relevantes no contexto social (Tajfel, 1979). A TIS foi baseada em experimentos que demonstram que a participação em grupos que compartilham alguma característica, ainda que aparentemente trivial, é o suficiente para acionar sentimentos positivos em relação ao grupo pertencido e sentimentos negativos em relação ao outro grupo (Tajfel et al., 1971; Billig & Tajfel, 1973). A simples crença no pertencimento a um grupo, entre dois distintos ou mais, é suficiente para acionar a discriminação do exogrupo (Tajfel & Tuner, 1979). Portanto, o fato de uma pessoa identificar-se com a esquerda ou com a direita é capaz de propiciar a hostilidade em relação ao grupo não-pertencido (Iyengar et al., 2012), favorecendo a compreensão do processo de polarização no contexto político.
A polarização política afetiva refere-se, portanto, ao modo como os indivíduos que se identificam com um grupo relacionam-se de maneira hostil com pessoas que se identificam com outro grupo político (Iyengar & Massey, 2018; Iyengar & Krupenkin, 2018; Iyengar et al., 2019; Iyengar et al., 2012). Os laços das pessoas com o mundo político são afetivos, baseados principalmente em um sentido de identificação com um grupo que é adquirido ao longo da vida (Iyengar & Krupenkin, 2018; Iyengar et al., 2019).
Identidades políticas cada vez mais fortes fazem com que pessoas que se identificam com um posicionamento político vejam seus oponentes e sua ideologia como uma ameaça existencial (Iyengar & Massey, 2018), estimulando o conflito e a violência política, sendo capaz de abalar a própria democracia (McCoy et al., 2018). Ao contrário do que ocorre com outras categorias sociais, como minoriais raciais e a população LBGTQI, que são alvo de preconceito, a discriminação por identificação com algum posicionamento político é, com frequência, explícita sendo até mesmo esperado que um grupo político discrimine e tente humilhar publicamente seu oponente (Iyengar et al., 2019).
Atualmente, o sentimento de favoritismo por um grupo está cada vez mais associado à hostilidade em relação ao outro grupo (Iyengar & Krupenkin, 2018). A hostilidade em relação a um grupo tem se tornado fator principal de motivação para a participação política (Iyengar & Krupenkin, 2018). Nos Estados Unidos, por exemplo, a polarização afetiva na população alcançou um nível tão grande que a identificação com partidos políticos tem sido o limite para as interações interpessoais, a exemplo da segregação de democratas e republicanos em bairros distintos (Iyengar & Westwood, 2015), a falta de confiança em pessoas que declaram apoiar um partido diferente do seu próprio (Iyengar & Westwood, 2015) e a consideração da identificação política como traço fundamental para a escolha de um parceiro afetivo (Huber & Malhotra, 2017). Além disso, democratas e republicanos têm utilizado adjetivos cada vez mais negativos para descreverem uns aos outros (Iyengar et al., 2012). Até os anos 2000, o aumento de pessoas que avaliavam negativamente o partido oponente ao seu era bem pequeno. De lá para cá, este número saltou de 8% alcançando o pico de 21% durante as eleições de 2016 (Iyengar & Massey, 2018). A transformação ocorrida nos meios de comunicação por meio da interatividade viabilizada pelas redes sociais parece ter desempenhado um papel importante na atual conjuntura polarizada (Flaxman et al., 2016).
O preconceito vivenciado por diversos grupos sociais produz consequências para o bem-estar subjetivo e para a saúde como no caso de pessoas em sofrimento mental (Thoits & Link, 2015), minorias raciais (Wong et al., 2017), LGBTQIs (Kertzner et al., 2009), mulheres (Lewis et al., 2006) e pessoas vivendo com HIV (Burke et al., 2015; Suit & Pereira, 2008). Na medida em que a polarização afetiva é compreendida como uma espécie de hostilidade intergrupal (Iyengar & Krupenkin, 2018), há uma expectativa de que existam consequências para o bem-estar subjetivo de pessoas que se identificam com diferentes categorias políticas.
Bem-estar subjetivo (BES) pode ser conceituado como a avaliação cognitiva e afetiva dos indivíduos a respeito de suas vidas (Diener et al., 2018; Albuquerque & Tróccoli, 2004). Sociedades lideradas por governos de esquerda de orientação mais liberal (também referidas como sociedades de bem-estar social) apresentam maiores índices de bem-estar subjetivo (Altman et al., 2017). Por outro lado, no nível individual, pessoas conservadoras declaram maiores níveis de bem-estar subjetivo e de propósito de vida quando comparadas a pessoas de orientação liberal (Newman et al., 2019). De forma semelhante, as pessoas reportam maiores índices de bem-estar subjetivo quando o governo está tendo um bom desempenho e quando o partido de sua escolha se encontra no poder (Ditella & MacCulloch, 2005; Tavits, 2008). Assim, atingir um objetivo almejado, como eleger seu representante favorito, tem implicações positivas para o bem-estar subjetivo (Deci & Ryan, 2000). Os que perdem, por outro lado, sentem-se desapontados com o resultado das eleições e podem apresentar respostas comportamentais de protesto, boicote e abstenção, todas consequências do declínio no bem-estar subjetivo (Anderson et al., 2005).
A relação entre política e bem-estar subjetivo tem sido mais recentemente estudada e parece estar sendo bem estabelecida (Altman et al., 2017; Newman et al., 2019) . No entanto, a análise em um contexto de polarização política demanda atenção. Com o aumento de relatos de sofrimento relacionados ao cenário político, é essencial que a psicologia fique atenta à esta temática. O sentimento de distanciamento afetivo entre dois diferentes grupos políticos não se dá apenas durante as eleições, mas permeia também as interações diárias no quotidiano, afetando as escolhas pessoais em esferas importantes da vida.
Além do objetivo geral da pesquisa, previamente mencionado, o presente estudo teve como objetivos específicos i) investigar o atual nível de polarização afetiva nos indivíduos que se identificam com a direita e com a esquerda o e ii) comparar os níveis de bem-estar subjetivo nos indivíduos que se identificam com diferentes posicionamentos políticos. A respeito do primeiro objetivo específico, hipotetizamos (H1) que a polarização afetiva será acentuada tanto em relação à direita como em relação à esquerda. Sobre o segundo objetivo específico, acreditamos (H2) que a esquerda apresentará menores níveis de bem-estar quando comparada à direita, tendo em vista que o contexto político brasileiro, de uma maneira geral, tem sido desfavorável à esquerda brasileira na medida em que pautas usualmente defendidas por esse grupo tem sido alvo de ataques.
Método
Participantes
Participaram do estudo 311 pessoas que voluntariamente responderam o instrumento divulgado em diversas redes sociais. A maior parte da amostra foi composta por mulheres (65%). A idade dos participantes variou entre 18 e 71 anos (M = 35,58; DP = 13,14). Dos 311 participantes, 64 (21%) identificaram-se como de esquerda, 89 (28,3%) de centro-esquerda, 77 (24,8%) de centro-direita e 81 (25,8 %) de direita. A maioria dos participantes reside no Distrito Federal (67,2%).
Em relação à renda, 52 (16,7%) participantes declararam ganhar entre 1 e 3 salários mínimos, 55 (17,7%) afirmaram receber entre 3 e 6 salários mínimos, 69 (22,2%) dizem ganhar entre 6 a 9 salários e 135 (43,4%) recebem 10 salários mínimos ou mais. Sobre a escolaridade dos participantes, 2 (0,6%) declararam ter finalizado o ensino fundamental, 50 (16,1%) tem o ensino médio completo, 153 (49,2%) têm ensino superior completo e 106 (34,1%) finalizaram a pós-graduação.
Instrumentos
Foram utilizados o termômetro de sentimentos (ANES, 2019; McCarty, 2019) para medir a polarização afetiva e a escala de bem-estar subjetivo (Albuquerque & Tróccoli, 2004) para mensurar o bem-estar.
O termômetro de sentimentos é um instrumento utilizado pela American National Election Services (ANES) desde os anos 1950 para medir os sentimentos dos eleitores com relação ao partido com o qual identificam-se e em relação ao partido com o qual não se identificam. O instrumento varia de 0 a 100 e o participante responde em uma escala de 0 a 10, na qual 0) 0 – totalmente frio e distante, 1) 10 – muito frio e distante, 2) 20 – bastante frio e distante, 3) 30 – frio e distante, 4) 40 – pouco frio e distante, 5) 50 – indiferente, 6) 60 – pouco caloroso e receptivo, 7) 70 – caloroso e receptivo, 8) 80 – bastante caloroso e receptivo, 9) 90 – muito caloroso e receptivo, 10) 100 – totalmente caloroso e receptivo. O termômetro de sentimentos foi aplicado online e contou com a seguinte instrução: “Gostaríamos de saber mais sobre seus sentimentos a respeito de quatro grupos que têm estado muito presentes na mídia nacional ultimamente. Os grupos aparecerão nas telas a seguir e você terá de marcar seu sentimento (frio ou caloroso) em relação a eles no termômetro de sentimentos. Você poderá escolher qualquer número entre 0 e 100. Quanto mais alto o número, mais caloroso e receptivo você sente-se em relação ao grupo mostrado, quanto mais baixo, mais frio e distante você sente-se em relação ao grupo mostrado. O número 50, ou o meio do termômetro, indica que você não tem sentimentos bons nem ruins em relação ao grupo.” Em seguida foram mostradas 4 telas cada uma com um diferente grupo político acompanhados de um termômetro de sentimentos. Depois disso, os participantes foram apresentados à escala de bem-estar subjetivo.
A escala de bem-estar subjetivo (α = 0,86) consiste em duas subescalas derivadas de instrumentos utilizados internacionalmente para medir os afetos positivos e negativos em relação ao próprio sujeito e ao seu ambiente, bem como o nível de satisfação com a vida. A primeira das duas subescalas, e a única utilizada neste trabalho, mede os afetos positivos e negativos em relação ao próprio sujeito e ao ambiente no qual encontra-se. Ela solicita que o participante avalie 47 sentimentos por meio de uma escala likert de 5 pontos, da seguinte forma: “Ultimamente tenho me sentido…aflito, amável” na qual 1 = nem um pouco, 2 = um pouco, 3 = moderadamente, 4 = bastante e 5 = extremamente.
Procedimentos
Coleta de dados. Os dados foram coletados online por meio da plataforma Google Forms durante os meses de setembro e outubro de 2019. Foi encaminhado aos participantes um link contendo o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), o termômetro de sentimentos (ANES, 2019) e, em seguida, a escala de bem-estar subjetivo (Albuquerque & Troccóli, 2004). Por fim, foram solicitados os dados sociodemográficos referentes à renda, escolaridade, idade, gênero e posicionamento político (esquerda, centro-esquerda, centro-direita e direita). A duração média do tempo da coleta de dados foi de 10 minutos por participante.
Análise dos dados. Foram realizadas estatísticas descritivas e inferenciais (ANOVA’s). As ANOVA’s foram realizadas para verificar os índices de polarização afetiva e de bem-estar subjetivo nos participantes de diferentes posicionamentos políticos, tendo como referência o nível de significância de 5%.
Considerações Éticas
Este estudo foi aprovado pelo comitê de ética sob o parecer de número 3.634.953. Apresentou riscos mínimos, tendo sido conduzido de acordo com os princípios éticos de pesquisa com seres humanos postulados pela Associação Americana de Psicologia, bem como das resoluções brasileiras do Conselho Nacional de Saúde. Todos os participantes concordaram em participar voluntariamente sob garantia de confidencialidade. Número do Certificado de Apresentação para Apreciação Ética: 20239719.8.0000.0023
Resultados
Com o objetivo de testar o atual nível de polarização afetiva nos grupos de direita, centro-direita, centro-esquerda e esquerda, foram conduzidas ANOVA’s. O nível de polarização afetiva em relação ao grupo de direita, pode ser observado na Tabela 1.
Tabela 1
Conforme pode ser visualizado na Tabela 1, pessoas que se identificam como de esquerda (M = 2,67; DP = 2,41) sentiram-se mais distantes e frias em relação às pessoas de direita, seguidas pelas pessoas de centro-esquerda (M = 3,70; DP = 2,18) e centro-direita (M = 6,64; DP = 1,61), F (3,307) = 86,40, p < 0,001, η² = 0,46.
O nível de polarização afetiva em relação ao grupo de esquerda pode ser observado na Tabela 2.
Tabela 2
Conforme pode ser visualizado na Tabela 2, pessoas que se identificam como de direita (M = 2,65; DP = 2,34) sentiram-se mais frias e distantes em relação às pessoas de esquerda, seguidas pelas pessoas de centro-direita (M = 3,12; DP = 1,94) e centro-esquerda (M = 6,65; DP = 2,31), F (3,307) = 129,72, p < 0,001, η² = 0,56. De uma maneira geral, os achados indicaram uma elevada polarização em ambas dimensões do espectro político, sendo o tamanho de efeito maior no que se refere à polarização em relação à esquerda, corroborando a Hipótese 1.
Após as análises da polarização afetiva nos diferentes grupos, realizou-se outra ANOVA com o objetivo de comparar os índices de afetos positivos das diferentes instâncias políticas, conforme pode ser observado na Tabela 3.
Tabela 3
Conforme pode ser visualizado na Tabela 3, o relato de afetos positivos se deu em maior intensidade no grupo de direita (M = 3,31; DP = 0,80), seguido pelo grupo de centro-direita (M = 3,23; DP = 0,75), pelo grupo de esquerda (M = 2,99; DP = 0,70) e por último pelo grupo de centro-esquerda (M = 2,98; DP = 0,70), F = (3,307) = 4,26, p < 0,006, η² = 0,040.
Da mesma maneira, comparou-se o relato de afetos negativos das pessoas que se identificam com as diferentes instâncias políticas analisadas, como pode ser observado na Tabela 4.
Tabela 4
Conforme pode ser visualizado na Tabela 4, o relato de afetos negativos se deu em maior intensidade no grupo de esquerda (M = 2,93; DP = 0,91), seguido pelo grupo de centro-esquerda (M = 2,78; DP = 0,81), pelo grupo de centro-direita (M = 2,28; DP = 079) e por último pelo grupo de direita (M = 2,09; DP = 0,71), F = (3,307) = 18,85, p < 0,001, η² = 0,16. Tais achados corroboram a Hipótese 2, indicando que os níveis de bem-estar foram superiores nos participantes de direita se comparado aos participantes de esquerda.
Discussão
A presente pesquisa teve como objetivo geral avaliar o impacto da polarização política afetiva nos níveis de bem-estar subjetivo de pessoas que se identificam com a direita e com a esquerda, tendo sido formulados como objetivos específicos: i.investigar o atual nível de polarização afetiva em participantes que se identificam com a direita e com a esquerda, ii. comparar os níveis de bem-estar subjetivo em pessoas que se identificam com a direita e com a esquerda.
Em relação ao primeiro objetivo específico, foi hipotetizado (H1) que a polarização afetiva seria acentuada tanto em relação à direita como em relação à esquerda. Os achados encontrados corroboram a hipótese 1. Ressalta-se que, apesar da tendência geral à polarização, o efeito foi ainda mais acentuado nas pessoas de direita quando comparado com as pessoas de esquerda. Isso sugere que atualmente pessoas que se identificam com a direita sentem-se mais afetivamente frias e distantes das pessoas de esquerda. A partir das manifestações de junho de 2013, previamente mencionadas no texto, a direita brasileira tem se tornado mais extrema enquanto a esquerda tenta fortalecer-se (Brugnano & Chaia, 2014). Desde então, a direita vem polarizando-se com um crescente conservadorismo e com um discurso de aversão aos partidos que defendem interesses de grupos minoritátios e pautas de proteção ao meio-ambiente (Brugano & Chaia, 2014). Gradualmente, parte de uma direita radical tornou-se incapaz de enxergar sentido em demandas progressistas na sociedade, mas não apenas isso. Passou também a ver o jogo democrático, onde diversas forças lutam pelo poder, como algo prejudicial ao avanço de seus interesses, lutando por ações como o fechamento do Superior Tribunal Federal (STF) e a institucionalização do Ato Insitucional Nº 5 (AI5), que marcariam o fim da divisão dos poderes e o consequente declínio da democracia brasileira. Propor o fim de instituições que defendem a diversidade de valores e interesses sociais é um marco do radicalismo e intolerância da direita em relação à esquerda, que ajuda a compreender os maiores níveis polarização afetiva na direita identificados na presente pesquisa.
Este ambiente onde ocorre uma competição por visões de mundo diferentes pode ser compreendido com base na teoria da identidade social. A crença no pertencimento a um grupo, entre dois distintos ou mais, é suficiente para acionar a hostilidade em relação ao grupo não pertencido (Tajfel & Turner, 1979; Iyengar et al., 2012). O fato de tais identificações serem quase sempre relacionais, ou seja, surgirem de comparações como “semelhante vs. diferente” ou “melhor vs. pior”, permite a compreensão do distanciamento entre os diferentes grupos sobretudo quando estes percebem seus oponentes enquanto “piores”, como ocorre na polarização afetiva. Assim, a atribuição de características negativas ao grupo não pertencido (e mesmo um distanciamento deste) tem o objetivo de manter a superioridade do grupo com o qual existe identificação (Tajfel & Turner, 1979). A competitividade entre os grupos políticos passa a se revelar na tentativa de manter a superioridade derrogando o exogrupo por meio de xingamentos e difamações, algo frequentemente visto em redes sociais. No ambiente virtual, portanto, nota-se a exposição do público a campanhas políticas baseadas em retóricas cada vez mais agressivas. Isto reforça ainda mais hostilidade (Wang et al., 2018; Flaxman et al, 2016), sendo capaz de motivar o radicalismo político em direção a grupos oponentes (Couto & Modesto, 2020).
Para o segundo objetivo específico, foi hipotetizado que (H2) os níveis de bem-estar subjetivo seriam menores em pessoas que se identificam com a esquerda. A respeito desse objetivo, encontrou-se que o nível de bem-estar subjetivo de pessoas que se identificam com a esquerda está atualmente mais baixo se comparado com aqueles que se identificam com a direita, o que corrobora a segunda hipótese. Analogamente, no contexto estadunidense, pessoas que se identificam com o partido democrata também apresentam menores índices de bem-estar quando comparados a republicanos (Smith et al., 2019). Indivíduos costumam relatar maiores índices de bem-estar subjetivo quando o partido de sua escolha encontra-se no poder (Tavits, 2008; Ditella & MacCulloch, 2005). Assim, atingir um objetivo almejado, como eleger seu representante favorito, tem implicações positivas para o bem-estar subjetivo (Deci & Ryan, 2000). Os que perdem, por outro lado, sentem-se desapontados com o resultado das eleições e podem apresentar respostas de declínio no bem-estar subjetivo, que é o que ocorreu com a amostra identificada como esquerda aqui analisada. Ter perdido as eleições de 2018 pode, portanto, explicar tal declínio no bem-estar subjetivo de pessoas que se identificam com a esquerda. Da mesma maneira, o governo atual tem atacado pautas usualmente defendidas pela esquerda (a exemplo da garantia de direitos de grupos socialmente excluídos) e isso pode favorecer ainda mais a compreensão do declínio no bem-estar subjetivo desse grupo.
Adicionalmente, a literatura sobre preconceito e bem-estar (Meyer, 2003) indica que o declínio no bem-estar subjetivo acontece mais diretamente para o grupo que é alvo de maior discriminação. Na medida em que os dados aqui analisados apontam que o nível de polarização afetiva é maior em relação à esquerda, ou seja, pessoas que se identificam com a esquerda estão sendo mais hostilizadas, é esperado que o declínio no bem-estar seja maior nesse grupo.
Considerações finais
O presente trabalho soma-se a um conjunto de investigações em psicologia política no Brasil que têm buscado entender possíveis causas e consequências de um Brasil polarizado. A psicologia política tem ganhado especial importância para a compreensão do comportamento eleitoral e diferenças de gênero (Campbell & Heath, 2017), a radicalização facilitada pelas redes sociais (Couto & Modesto, 2020), emoções políticas (Brader & Marcus, 2013), a influência da moralidade nas preferências políticas dos brasileiros (Gloria Filho & Modesto, 2019), a ascensão do autoritarismo (Vilanova et al., 2018), bem como diversos outros fenômenos relevantes no atual cenário político brasileiro.
Os dados encontrados na presente pesquisa sugerem que atualmente a direita encontra-se mais polarizada, ou seja, o desejo de distância e hostilidade em relação à esquerda é mais forte. Já o declínio no bem-estar é mais acentuado na esquerda, que é também o grupo que perdeu as eleições de 2018. Pesquisas futuras podem investigar se tais características são inerentes a estes grupos ou se há oscilações no nível de polarização afetiva e bem-estar dependendo do grupo que se encontra no poder. Também é importante considerar replicar o estudo em um contexto eleitoral, tendo em vista que os dados aqui apresentados foram coletados fora deste período.
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Tabelas
Tabela 1 | |||
ANOVA: Quão Próximas e Calorosas as Pessoas de Diferentes Posicionamentos Políticos Sentem-se em Relação às Pessoas que se Identificam como de Direita (Termômetro de Sentimentos) | |||
Posicionamento | Média | N | Desvio Padrão |
Direita | 7,80 | 81 | 2,70 |
Centro-direita | 6,64 | 77 | 1,61 |
Centro-esquerda | 3,70 | 89 | 2,18 |
Esquerda | 2,67 | 64 | 2,41 |
Tabela 2 | |||
ANOVA: Quão Próximas e Calorosas as Pessoas de Diferentes Posicionamentos Políticos Sentem-se em Relação às Pessoas que se Identificam Como de Esquerda (Termômetro de Sentimentos) | |||
Posicionamento | Média | N | Desvio Padrão |
Direita | 2,65 | 81 | 2,34 |
Centro-direita | 3,12 | 77 | 1,94 |
Centro-esquerda | 6,65 | 89 | 2,31 |
Esquerda | 8,87 | 64 | 3,31 |
Tabela 3 | |||
ANOVA: Relato de Afetos Positivos dos Diferentes Grupos Políticos Analisados (Escala de Bem-estar Subjetivo) | |||
Posicionamento | Média | N | Desvio Padrão |
Direita | 3,31 | 81 | 0,80 |
Centro-direita | 3,23 | 77 | 0,75 |
Centro-esquerda | 2,98 | 89 | 0,70 |
Esquerda | 2,99 | 64 | 0,70 |
Tabela 4 | |||
ANOVA: Relato de Afetos Negativos dos Diferentes Grupos Políticos Analisados (Escala de Bem-estar Subjetivo) | |||
Posicionamento | Média | N | Desvio Padrão |
Direita | 2,09 | 81 | 0,71 |
Centro-direita | 2,28 | 77 | 0,79 |
Centro-esquerda | 2,78 | 89 | 0,81 |
Esquerda | 2,93 | 64 | 0,91 |